Livro relata com sinceridade cruel a realidade urbanística de Brasília
4 de janeiro de 2015 - Publicada na Amazon.com
Esse livro foi música para meus olhos. Me mudei para Brasília aos 2 anos de idade. Vivo aqui ha mais de 20 anos, e já tive a experiência de morar 12 anos na Europa em diversos países. Brasília para mim sempre foi uma enorme contradição, especialmente em termos de arquitetura e urbanismo. Nunca entendi como Lúcio Costa e Niemeyer sempre foram tão endeusados, sendo que a cidade é um péssimo exemplo de urbanismo e arquitetura: excesso de impermeabilização das calçadas, privilégio dos carros sobre as pessoas, museus sem espaço para acervo, entradas de quadras e prédios pelos fundos, calçadas ridiculamente estreitas, entre tantas outras falhas.
Os brasilienses, talvez carentes de ter algo a se orgulhar, e comparando Brasília com outras cidades do Brasil, com qualidade de vida inferior, acham a cidade a última coca cola do deserto, sem um nexo lógico, sem embasamento. Apesar de muito arborizada, a cidade é repleta de incongruências e uma falta total de respeito com o pedestre e com a boa usabilidade e interface entre os espaços públicos e as pessoas.
O livro relata com primor os principais problemas urbanísticos da cidade, e faz uma série de sensatas sugestões de como alterar os espaços públicos sem que isso implique necessariamente numa descaracterização da cidade.
Recomendo o livro pra quem está cansado do endeusamento de Oscar Niemeyer e Lúcio costa, e que busque entender os problemas da cidade e possíveis sugestões de melhorias. Ah se os administradores da cidade e do IPHAN lessem esse livro!